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Maria Vilhena
Maria Vilhena Design
César Alves | calves@construir.pt
Com uma visão e espírito empreendedor, a sua decoração e design de interiores tem conquistado o seu mercado, desde a sua terra natal, a Bairrada, até fora de porta como Brasil, Luxemburgo ou mesmo Califórnia. Sendo já uma referência na Região Centro, recentemente deu mais um passo na sua carreira ao lançar a sua própria marca e assinar a sua primeira peça de design.
Como nasceu o interesse pelo design de interiores? O que a fez escolher esta profissão? Fala-nos um pouco do seu percurso nesta área?
Eu pensava que queria ser Arquitecta. Depois de frequentar o primeiro trimestre do curso, percebi que não, que gostava muito mais de trabalhar os pormenores e que o mundo dos interiores era ainda mais fascinante.
Foi então que mudei para o IADE Creative University e me licenciei em design. Desenvolvi um gosto especial pelo design de iluminação e iniciei o meu percurso profissional na Climar, como designer de produto.
Fiz alguns trabalhos de design gráfico, que na realidade não me entusiasma muito, e trabalhei como designer de interiores em lojas de decoração, nos anos seguintes.
Finalmente, decidi avançar com o meu projecto a “solo” em 2012 e foi em 2014, que fundei a Maria Vilhena Design.
Tem estado ligado a vários projectos em Portugal e no estrangeiro. No seu entender a que se deve este percurso de rápido ascendente na sua curta carreira?
Desde o início da minha carreira, que estou inserida num meio pequeno e, como tal, foi mais fácil chegar às pessoas e dar a conhecer o meu trabalho.
Comecei a trabalhar para amigos e tornei-me parceira de algumas empresas de construção civil e de decoração. Isso fez-me ganhar experiência e confiança para lutar por mais trabalho e pelo meu espaço no mercado.
De facto, não é uma tarefa fácil, mas tenho tido a grande alegria dos meus clientes chegarem, maioritariamente, até mim por recomendação de outro cliente. Considero que o meu esforço e o de toda a minha equipa de colaboradores e fornecedores pela satisfação de cada um dos nossos clientes, tem sido reconhecido e é o caminho certo para fixar a marca no mercado.
O seu trabalho já está internacionalizado. Aspira novos mercados no estrangeiro ou considera que há muito a fazer em Portugal, particularmente na Região da Bairrada?
Há efectivamente ainda muito a fazer na zona da Bairrada e felizmente a sensibilidade a esta área, ao cuidado com a imagem, começa
a crescer e a ser mais valorizada pelas pessoas e empresas. No entanto, novos desafios são sempre muito estimulantes para mim e gostaria muito que o final da minha carreira, fosse em Miami. Hei-de lá chegar!
O vosso gabinete atende clientes de diversos países e por outro lado têm trabalhado sobretudo na Região Centro de Portugal. Como administram as diferenças culturais?
É um caminho difícil a percorrer e a aprendizagem é constante, porque as regras diferem bastante de país para país. Mas cada cliente é um cliente e cada projecto é encarado por nós, como um desafio novo e diferente. Seja o nosso cliente português, do centro, do sul ou estrangeiro.
Vemos cada cliente como um começar do zero, com novos sonhos e novas necessidades e desta forma, não considero que sejam as diferenças culturais que possam tornar o nosso trabalho mais complicado. O grande desafio, está em satisfazer da mesma forma todos os nossos clientes, que são tão diferentes entre si.
Como é que caracteriza a evolução do design de interiores em Portugal. Existe actualmente um maior interesse em trabalhar com um designer de interiores ou a profissão ainda é desconhecida para a maior parte das pessoas?
O design de interiores tem já uma grande exposição em Portugal, na minha opinião. Cada vez mais as pessoas dão valor a um apoio profissional, e entendem que um designer de interiores não vai lá a casa mudar tudo conforme quer. Não! Ele vai ajudar a construir ideias e isto já me parece bastante mais desmistificado no nosso país.
As empresas começam, também, a mudar mentalidades e a criar espaços mais agradáveis, cuidados e funcionais para os seus colaboradores. A importância do design de interiores no aumento de produtividade das empresas, começa também a ser reconhecido.
Tenho a noção de que muitas pessoas confundem um pouco a função dos designers de interiores com a dos arquitectos e dos decoradores. Estarei enganado? Qual é a diferença entre estas especialidades?
Sim, é muito difícil para as pessoas perceberem onde termina o trabalho de uma especialidade e onde começa o de outra.
Isto deve-se também ao facto, de muitos arquitectos serem bons a trabalhar interiores, ou decoradores terem a experiência em obra e acabarem por fazer projectos chave-na-mão, como um designer de interiores. Os arquitectos brasileiros por exemplo, são excepcionais a trabalhar os interiores. A experiência e descoberta de novos interesses, faz com que os profissionais mesclem mais a sua actividade.
Sucintamente, para mim, o arquitecto trabalha a volumetria exterior e interior dos espaços. Trata desde o estudo da exposição solar, à implantação do volume no terreno e na sua envolvente.
O designer deve entrar de seguida no projecto e construir o interior, tirando o maior partido do trabalho do arquitecto. Estuda a funcionalidade do espaço ao pormenor, tira partido das volumetrias, acabamentos e iluminação e desenha o mobiliário, de forma a potenciar os espaços ao máximo. Existe também nesta especialidade, uma forte ligação à comunicação, o que pode valorizar bastante
um negócio por exemplo.
O decorador, como a palavra indica trata da decoração do espaço. Conjuga cores e padrões eventualmente e dispõe a decoração de forma harmoniosa.
O design de interiores é uma profissão para mulheres?
Nem pensar! O design de interiores é para todos aqueles que o vêm como uma oportunidade de tornar a vida das pessoas mais fácil e feliz, mais prática e bonita, mais funcional e confortável. É para quem se sente feliz em melhorar a vida dos seus clientes.
Algumas pessoas consideram que a intervenção de um designer passa a ser necessário apenas quando o empreendimento já está finalizado. No seu entender qual é o melhor momento para se começar a trabalhar com um designer de interiores?
Em planta sempre que possível.
Projectar os interiores antes da construção para mim é fundamental, para que os espaços sirvam verdadeiramente o seu propósito de acordo com as necessidades de cada cliente.
Para a marcação de electricidade ou canalização por exemplo, é essencial um estudo prévio do espaço, para que o lavatório ou a tomada fiquem no local mais adequado e funcional.
Por outro lado, é muito melhor pensado o investimento e muito melhor gerido o orçamento para a obra, quando se pensa num todo, antes de avançar com a construção.
Como se processa actualmente o trabalho de um designer de interiores? Qual a importância de um designer de interiores para empresas e pessoas?
Eu acredito que tem muita importância e que cada vez mais, esta importância é reconhecida pelas pessoas e empresas.
Termos um profissional que nos apoia a tomar decisões, que vão transformar o nosso espaço, na resposta às nossas necessidades e convicções, é muito valioso.
O design de interiores, é realmente capaz de mudar vidas e desempenho de empresas. O nosso trabalho é estudar o nosso cliente ou necessidade e desenvolver um projecto à medida, que responda a 100% ao seu objectivo.
No seu entender o crescimento dos empreendimentos turísticos em Portugal veio ajudar a uma maior procura desta área ou acaba por haver uma estandardização dos produtos massificados?
Penso que, sempre que o design de interiores “entra em cena”, é positivo para a evolução e crescimento do sector. No entanto, muitas vezes o budget é apertado e é impossível não recorrer a soluções estandardizadas. Isto não é, regra geral, realizar um bom projecto de design.
É óbvio que podemos economizar aqui ou ali e ter, ainda assim um bom resultado. Mas parece-me, que se acaba por confundir um pouco, decoração com um bom design de interiores. Ou seja, a coisa até ficou bonita com peças standard, mas resolve as necessidades? Trabalhar um hotel para o público alvo pretendido ou remodelar um hostel para chegar a determinado target, precisa de outro cuidado e diferenciação.
Lançou o seu primeiro produto, a poltrona “Blast”. Como é que surgiu a ideia de criar uma peça de assinatura e o que lhe levou a escolher este nome?
A peça surge com um desafio que me foi colocado por um fornecedor - Azimute - que ia colaborar com o IADE num evento impulsionado pela própria faculdade.
A ideia seria desenvolver e expor um produto com uma ex aluna do IADE.
Esta produção acabou por não se proporcionar e eu acabei por pegar na ideia e trabalhá-la com um grande parceiro de marcenaria.
Dada a grande oferta que existe hoje em dia, na Internet, com lojas de produtos standard, decoradores, showrooms, sentiu necessidade de se diferenciar e da afirmação de uma marca sua no mercado?
Sim, cada vez existe mais “concorrência” no mercado. Decoração e design de interiores estão na moda. Mas, considero que todos trabalhamos de forma diferente e que todos temos o nosso lugar no mercado. Mas é difícil mostrarmos ao nosso cliente que somos diferentes, que devem apostar em nós, sem antes dar provas do que valemos. O nosso cliente “compra-nos” o projecto sem saber o resultado final. É muito difícil vender um “produto” que não se vê. É certo que temos portefólio mas, como tenho vindo a dizer, cada projecto é um projecto, cada cliente é um cliente. Quem me garante que o designer que vou contratar, me vai dar o meu projecto de sonho ou que o meu dinheiro está a ser bem investido? É necessário transmitir confiança ao cliente e para isso, é essencial a diferenciação e mostrar o que valemos, a cada dia de trabalho.
Como é que encara o futuro desta profissão em Portugal? E acha que o vosso trabalho poderá mexer com as tendências no sector?
Penso que o design ganhará ainda mais força em Portugal. O aumento de profissionais e a maior divulgação da importância do design de interiores, no nosso dia a dia, fará crescer o sector. A televisão por exemplo, com os seus variadíssimos programas de design de interiores, tem sido um meio de grande difusão da nossa área.
Eu já acho que o nosso trabalho mexe com as tendências. Normalmente são as necessidades dos designers, que fazem despoletar novas soluções no sector.
Que conselhos, sugestões deixaria para os interessados e para os que estão a começar esta carreira?
Aconselhava por exemplo, a acompanhar de perto a liderança de um projecto chave na mão, antes de entrar nesta aventura dos interiores.
Perceber que design de interiores, não é só conjugar umas cores e dispor uns móveis. É garantir a perfeição aos nossos clientes, gerindo equipas, pessoas e muitas dores de cabeça!
É resolver bem os espaços, ajustados às necessidades de cada um dos nossos clientes. É perder muitas horas a pensar na melhor solução e acompanhar ao máximo, cada cliente que confiar no nosso trabalho. É dar o melhor de nós.
Se sabendo tudo isto, as borboletas na barriga persistirem, então foram feitos para serem designers de interiores.■
Publicado
Maria Vilhena
Maria Vilhena Design
César Alves | calves@construir.pt
Com uma visão e espírito empreendedor, a sua decoração e design de interiores tem conquistado o seu mercado, desde a sua terra natal, a Bairrada, até fora de porta como Brasil, Luxemburgo ou mesmo Califórnia. Sendo já uma referência na Região Centro, recentemente deu mais um passo na sua carreira ao lançar a sua própria marca e assinar a sua primeira peça de design.
Como nasceu o interesse pelo design de interiores? O que a fez escolher esta profissão? Fala-nos um pouco do seu percurso nesta área?
Eu pensava que queria ser Arquitecta. Depois de frequentar o primeiro trimestre do curso, percebi que não, que gostava muito mais de trabalhar os pormenores e que o mundo dos interiores era ainda mais fascinante.
Foi então que mudei para o IADE Creative University e me licenciei em design. Desenvolvi um gosto especial pelo design de iluminação e iniciei o meu percurso profissional na Climar, como designer de produto.
Fiz alguns trabalhos de design gráfico, que na realidade não me entusiasma muito, e trabalhei como designer de interiores em lojas de decoração, nos anos seguintes.
Finalmente, decidi avançar com o meu projecto a “solo” em 2012 e foi em 2014, que fundei a Maria Vilhena Design.
Tem estado ligado a vários projectos em Portugal e no estrangeiro. No seu entender a que se deve este percurso de rápido ascendente na sua curta carreira?
Desde o início da minha carreira, que estou inserida num meio pequeno e, como tal, foi mais fácil chegar às pessoas e dar a conhecer o meu trabalho.
Comecei a trabalhar para amigos e tornei-me parceira de algumas empresas de construção civil e de decoração. Isso fez-me ganhar experiência e confiança para lutar por mais trabalho e pelo meu espaço no mercado.
De facto, não é uma tarefa fácil, mas tenho tido a grande alegria dos meus clientes chegarem, maioritariamente, até mim por recomendação de outro cliente. Considero que o meu esforço e o de toda a minha equipa de colaboradores e fornecedores pela satisfação de cada um dos nossos clientes, tem sido reconhecido e é o caminho certo para fixar a marca no mercado.
O seu trabalho já está internacionalizado. Aspira novos mercados no estrangeiro ou considera que há muito a fazer em Portugal, particularmente na Região da Bairrada?
Há efectivamente ainda muito a fazer na zona da Bairrada e felizmente a sensibilidade a esta área, ao cuidado com a imagem, começa
a crescer e a ser mais valorizada pelas pessoas e empresas. No entanto, novos desafios são sempre muito estimulantes para mim e gostaria muito que o final da minha carreira, fosse em Miami. Hei-de lá chegar!
O vosso gabinete atende clientes de diversos países e por outro lado têm trabalhado sobretudo na Região Centro de Portugal. Como administram as diferenças culturais?
É um caminho difícil a percorrer e a aprendizagem é constante, porque as regras diferem bastante de país para país. Mas cada cliente é um cliente e cada projecto é encarado por nós, como um desafio novo e diferente. Seja o nosso cliente português, do centro, do sul ou estrangeiro.
Vemos cada cliente como um começar do zero, com novos sonhos e novas necessidades e desta forma, não considero que sejam as diferenças culturais que possam tornar o nosso trabalho mais complicado. O grande desafio, está em satisfazer da mesma forma todos os nossos clientes, que são tão diferentes entre si.
Como é que caracteriza a evolução do design de interiores em Portugal. Existe actualmente um maior interesse em trabalhar com um designer de interiores ou a profissão ainda é desconhecida para a maior parte das pessoas?
O design de interiores tem já uma grande exposição em Portugal, na minha opinião. Cada vez mais as pessoas dão valor a um apoio profissional, e entendem que um designer de interiores não vai lá a casa mudar tudo conforme quer. Não! Ele vai ajudar a construir ideias e isto já me parece bastante mais desmistificado no nosso país.
As empresas começam, também, a mudar mentalidades e a criar espaços mais agradáveis, cuidados e funcionais para os seus colaboradores. A importância do design de interiores no aumento de produtividade das empresas, começa também a ser reconhecido.
Tenho a noção de que muitas pessoas confundem um pouco a função dos designers de interiores com a dos arquitectos e dos decoradores. Estarei enganado? Qual é a diferença entre estas especialidades?
Sim, é muito difícil para as pessoas perceberem onde termina o trabalho de uma especialidade e onde começa o de outra.
Isto deve-se também ao facto, de muitos arquitectos serem bons a trabalhar interiores, ou decoradores terem a experiência em obra e acabarem por fazer projectos chave-na-mão, como um designer de interiores. Os arquitectos brasileiros por exemplo, são excepcionais a trabalhar os interiores. A experiência e descoberta de novos interesses, faz com que os profissionais mesclem mais a sua actividade.
Sucintamente, para mim, o arquitecto trabalha a volumetria exterior e interior dos espaços. Trata desde o estudo da exposição solar, à implantação do volume no terreno e na sua envolvente.
O designer deve entrar de seguida no projecto e construir o interior, tirando o maior partido do trabalho do arquitecto. Estuda a funcionalidade do espaço ao pormenor, tira partido das volumetrias, acabamentos e iluminação e desenha o mobiliário, de forma a potenciar os espaços ao máximo. Existe também nesta especialidade, uma forte ligação à comunicação, o que pode valorizar bastante
um negócio por exemplo.
O decorador, como a palavra indica trata da decoração do espaço. Conjuga cores e padrões eventualmente e dispõe a decoração de forma harmoniosa.
O design de interiores é uma profissão para mulheres?
Nem pensar! O design de interiores é para todos aqueles que o vêm como uma oportunidade de tornar a vida das pessoas mais fácil e feliz, mais prática e bonita, mais funcional e confortável. É para quem se sente feliz em melhorar a vida dos seus clientes.
Algumas pessoas consideram que a intervenção de um designer passa a ser necessário apenas quando o empreendimento já está finalizado. No seu entender qual é o melhor momento para se começar a trabalhar com um designer de interiores?
Em planta sempre que possível.
Projectar os interiores antes da construção para mim é fundamental, para que os espaços sirvam verdadeiramente o seu propósito de acordo com as necessidades de cada cliente.
Para a marcação de electricidade ou canalização por exemplo, é essencial um estudo prévio do espaço, para que o lavatório ou a tomada fiquem no local mais adequado e funcional.
Por outro lado, é muito melhor pensado o investimento e muito melhor gerido o orçamento para a obra, quando se pensa num todo, antes de avançar com a construção.
Como se processa actualmente o trabalho de um designer de interiores? Qual a importância de um designer de interiores para empresas e pessoas?
Eu acredito que tem muita importância e que cada vez mais, esta importância é reconhecida pelas pessoas e empresas.
Termos um profissional que nos apoia a tomar decisões, que vão transformar o nosso espaço, na resposta às nossas necessidades e convicções, é muito valioso.
O design de interiores, é realmente capaz de mudar vidas e desempenho de empresas. O nosso trabalho é estudar o nosso cliente ou necessidade e desenvolver um projecto à medida, que responda a 100% ao seu objectivo.
No seu entender o crescimento dos empreendimentos turísticos em Portugal veio ajudar a uma maior procura desta área ou acaba por haver uma estandardização dos produtos massificados?
Penso que, sempre que o design de interiores “entra em cena”, é positivo para a evolução e crescimento do sector. No entanto, muitas vezes o budget é apertado e é impossível não recorrer a soluções estandardizadas. Isto não é, regra geral, realizar um bom projecto de design.
É óbvio que podemos economizar aqui ou ali e ter, ainda assim um bom resultado. Mas parece-me, que se acaba por confundir um pouco, decoração com um bom design de interiores. Ou seja, a coisa até ficou bonita com peças standard, mas resolve as necessidades? Trabalhar um hotel para o público alvo pretendido ou remodelar um hostel para chegar a determinado target, precisa de outro cuidado e diferenciação.
Lançou o seu primeiro produto, a poltrona “Blast”. Como é que surgiu a ideia de criar uma peça de assinatura e o que lhe levou a escolher este nome?
A peça surge com um desafio que me foi colocado por um fornecedor - Azimute - que ia colaborar com o IADE num evento impulsionado pela própria faculdade.
A ideia seria desenvolver e expor um produto com uma ex aluna do IADE.
Esta produção acabou por não se proporcionar e eu acabei por pegar na ideia e trabalhá-la com um grande parceiro de marcenaria.
Dada a grande oferta que existe hoje em dia, na Internet, com lojas de produtos standard, decoradores, showrooms, sentiu necessidade de se diferenciar e da afirmação de uma marca sua no mercado?
Sim, cada vez existe mais “concorrência” no mercado. Decoração e design de interiores estão na moda. Mas, considero que todos trabalhamos de forma diferente e que todos temos o nosso lugar no mercado. Mas é difícil mostrarmos ao nosso cliente que somos diferentes, que devem apostar em nós, sem antes dar provas do que valemos. O nosso cliente “compra-nos” o projecto sem saber o resultado final. É muito difícil vender um “produto” que não se vê. É certo que temos portefólio mas, como tenho vindo a dizer, cada projecto é um projecto, cada cliente é um cliente. Quem me garante que o designer que vou contratar, me vai dar o meu projecto de sonho ou que o meu dinheiro está a ser bem investido? É necessário transmitir confiança ao cliente e para isso, é essencial a diferenciação e mostrar o que valemos, a cada dia de trabalho.
Como é que encara o futuro desta profissão em Portugal? E acha que o vosso trabalho poderá mexer com as tendências no sector?
Penso que o design ganhará ainda mais força em Portugal. O aumento de profissionais e a maior divulgação da importância do design de interiores, no nosso dia a dia, fará crescer o sector. A televisão por exemplo, com os seus variadíssimos programas de design de interiores, tem sido um meio de grande difusão da nossa área.
Eu já acho que o nosso trabalho mexe com as tendências. Normalmente são as necessidades dos designers, que fazem despoletar novas soluções no sector.
Que conselhos, sugestões deixaria para os interessados e para os que estão a começar esta carreira?
Aconselhava por exemplo, a acompanhar de perto a liderança de um projecto chave na mão, antes de entrar nesta aventura dos interiores.
Perceber que design de interiores, não é só conjugar umas cores e dispor uns móveis. É garantir a perfeição aos nossos clientes, gerindo equipas, pessoas e muitas dores de cabeça!
É resolver bem os espaços, ajustados às necessidades de cada um dos nossos clientes. É perder muitas horas a pensar na melhor solução e acompanhar ao máximo, cada cliente que confiar no nosso trabalho. É dar o melhor de nós.
Se sabendo tudo isto, as borboletas na barriga persistirem, então foram feitos para serem designers de interiores.■
Publicado
Maria Vilhena
Maria Vilhena Design
César Alves | calves@construir.pt
Com uma visão e espírito empreendedor, a sua decoração e design de interiores tem conquistado o seu mercado, desde a sua terra natal, a Bairrada, até fora de porta como Brasil, Luxemburgo ou mesmo Califórnia. Sendo já uma referência na Região Centro, recentemente deu mais um passo na sua carreira ao lançar a sua própria marca e assinar a sua primeira peça de design.
Como nasceu o interesse pelo design de interiores? O que a fez escolher esta profissão? Fala-nos um pouco do seu percurso nesta área?
Eu pensava que queria ser Arquitecta. Depois de frequentar o primeiro trimestre do curso, percebi que não, que gostava muito mais de trabalhar os pormenores e que o mundo dos interiores era ainda mais fascinante.
Foi então que mudei para o IADE Creative University e me licenciei em design. Desenvolvi um gosto especial pelo design de iluminação e iniciei o meu percurso profissional na Climar, como designer de produto.
Fiz alguns trabalhos de design gráfico, que na realidade não me entusiasma muito, e trabalhei como designer de interiores em lojas de decoração, nos anos seguintes.
Finalmente, decidi avançar com o meu projecto a “solo” em 2012 e foi em 2014, que fundei a Maria Vilhena Design.
Tem estado ligado a vários projectos em Portugal e no estrangeiro. No seu entender a que se deve este percurso de rápido ascendente na sua curta carreira?
Desde o início da minha carreira, que estou inserida num meio pequeno e, como tal, foi mais fácil chegar às pessoas e dar a conhecer o meu trabalho.
Comecei a trabalhar para amigos e tornei-me parceira de algumas empresas de construção civil e de decoração. Isso fez-me ganhar experiência e confiança para lutar por mais trabalho e pelo meu espaço no mercado.
De facto, não é uma tarefa fácil, mas tenho tido a grande alegria dos meus clientes chegarem, maioritariamente, até mim por recomendação de outro cliente. Considero que o meu esforço e o de toda a minha equipa de colaboradores e fornecedores pela satisfação de cada um dos nossos clientes, tem sido reconhecido e é o caminho certo para fixar a marca no mercado.
O seu trabalho já está internacionalizado. Aspira novos mercados no estrangeiro ou considera que há muito a fazer em Portugal, particularmente na Região da Bairrada?
Há efectivamente ainda muito a fazer na zona da Bairrada e felizmente a sensibilidade a esta área, ao cuidado com a imagem, começa
a crescer e a ser mais valorizada pelas pessoas e empresas. No entanto, novos desafios são sempre muito estimulantes para mim e gostaria muito que o final da minha carreira, fosse em Miami. Hei-de lá chegar!
O vosso gabinete atende clientes de diversos países e por outro lado têm trabalhado sobretudo na Região Centro de Portugal. Como administram as diferenças culturais?
É um caminho difícil a percorrer e a aprendizagem é constante, porque as regras diferem bastante de país para país. Mas cada cliente é um cliente e cada projecto é encarado por nós, como um desafio novo e diferente. Seja o nosso cliente português, do centro, do sul ou estrangeiro.
Vemos cada cliente como um começar do zero, com novos sonhos e novas necessidades e desta forma, não considero que sejam as diferenças culturais que possam tornar o nosso trabalho mais complicado. O grande desafio, está em satisfazer da mesma forma todos os nossos clientes, que são tão diferentes entre si.
Como é que caracteriza a evolução do design de interiores em Portugal. Existe actualmente um maior interesse em trabalhar com um designer de interiores ou a profissão ainda é desconhecida para a maior parte das pessoas?
O design de interiores tem já uma grande exposição em Portugal, na minha opinião. Cada vez mais as pessoas dão valor a um apoio profissional, e entendem que um designer de interiores não vai lá a casa mudar tudo conforme quer. Não! Ele vai ajudar a construir ideias e isto já me parece bastante mais desmistificado no nosso país.
As empresas começam, também, a mudar mentalidades e a criar espaços mais agradáveis, cuidados e funcionais para os seus colaboradores. A importância do design de interiores no aumento de produtividade das empresas, começa também a ser reconhecido.
Tenho a noção de que muitas pessoas confundem um pouco a função dos designers de interiores com a dos arquitectos e dos decoradores. Estarei enganado? Qual é a diferença entre estas especialidades?
Sim, é muito difícil para as pessoas perceberem onde termina o trabalho de uma especialidade e onde começa o de outra.
Isto deve-se também ao facto, de muitos arquitectos serem bons a trabalhar interiores, ou decoradores terem a experiência em obra e acabarem por fazer projectos chave-na-mão, como um designer de interiores. Os arquitectos brasileiros por exemplo, são excepcionais a trabalhar os interiores. A experiência e descoberta de novos interesses, faz com que os profissionais mesclem mais a sua actividade.
Sucintamente, para mim, o arquitecto trabalha a volumetria exterior e interior dos espaços. Trata desde o estudo da exposição solar, à implantação do volume no terreno e na sua envolvente.
O designer deve entrar de seguida no projecto e construir o interior, tirando o maior partido do trabalho do arquitecto. Estuda a funcionalidade do espaço ao pormenor, tira partido das volumetrias, acabamentos e iluminação e desenha o mobiliário, de forma a potenciar os espaços ao máximo. Existe também nesta especialidade, uma forte ligação à comunicação, o que pode valorizar bastante
um negócio por exemplo.
O decorador, como a palavra indica trata da decoração do espaço. Conjuga cores e padrões eventualmente e dispõe a decoração de forma harmoniosa.
O design de interiores é uma profissão para mulheres?
Nem pensar! O design de interiores é para todos aqueles que o vêm como uma oportunidade de tornar a vida das pessoas mais fácil e feliz, mais prática e bonita, mais funcional e confortável. É para quem se sente feliz em melhorar a vida dos seus clientes.
Algumas pessoas consideram que a intervenção de um designer passa a ser necessário apenas quando o empreendimento já está finalizado. No seu entender qual é o melhor momento para se começar a trabalhar com um designer de interiores?
Em planta sempre que possível.
Projectar os interiores antes da construção para mim é fundamental, para que os espaços sirvam verdadeiramente o seu propósito de acordo com as necessidades de cada cliente.
Para a marcação de electricidade ou canalização por exemplo, é essencial um estudo prévio do espaço, para que o lavatório ou a tomada fiquem no local mais adequado e funcional.
Por outro lado, é muito melhor pensado o investimento e muito melhor gerido o orçamento para a obra, quando se pensa num todo, antes de avançar com a construção.
Como se processa actualmente o trabalho de um designer de interiores? Qual a importância de um designer de interiores para empresas e pessoas?
Eu acredito que tem muita importância e que cada vez mais, esta importância é reconhecida pelas pessoas e empresas.
Termos um profissional que nos apoia a tomar decisões, que vão transformar o nosso espaço, na resposta às nossas necessidades e convicções, é muito valioso.
O design de interiores, é realmente capaz de mudar vidas e desempenho de empresas. O nosso trabalho é estudar o nosso cliente ou necessidade e desenvolver um projecto à medida, que responda a 100% ao seu objectivo.
No seu entender o crescimento dos empreendimentos turísticos em Portugal veio ajudar a uma maior procura desta área ou acaba por haver uma estandardização dos produtos massificados?
Penso que, sempre que o design de interiores “entra em cena”, é positivo para a evolução e crescimento do sector. No entanto, muitas vezes o budget é apertado e é impossível não recorrer a soluções estandardizadas. Isto não é, regra geral, realizar um bom projecto de design.
É óbvio que podemos economizar aqui ou ali e ter, ainda assim um bom resultado. Mas parece-me, que se acaba por confundir um pouco, decoração com um bom design de interiores. Ou seja, a coisa até ficou bonita com peças standard, mas resolve as necessidades? Trabalhar um hotel para o público alvo pretendido ou remodelar um hostel para chegar a determinado target, precisa de outro cuidado e diferenciação.
Lançou o seu primeiro produto, a poltrona “Blast”. Como é que surgiu a ideia de criar uma peça de assinatura e o que lhe levou a escolher este nome?
A peça surge com um desafio que me foi colocado por um fornecedor - Azimute - que ia colaborar com o IADE num evento impulsionado pela própria faculdade.
A ideia seria desenvolver e expor um produto com uma ex aluna do IADE.
Esta produção acabou por não se proporcionar e eu acabei por pegar na ideia e trabalhá-la com um grande parceiro de marcenaria.
Dada a grande oferta que existe hoje em dia, na Internet, com lojas de produtos standard, decoradores, showrooms, sentiu necessidade de se diferenciar e da afirmação de uma marca sua no mercado?
Sim, cada vez existe mais “concorrência” no mercado. Decoração e design de interiores estão na moda. Mas, considero que todos trabalhamos de forma diferente e que todos temos o nosso lugar no mercado. Mas é difícil mostrarmos ao nosso cliente que somos diferentes, que devem apostar em nós, sem antes dar provas do que valemos. O nosso cliente “compra-nos” o projecto sem saber o resultado final. É muito difícil vender um “produto” que não se vê. É certo que temos portefólio mas, como tenho vindo a dizer, cada projecto é um projecto, cada cliente é um cliente. Quem me garante que o designer que vou contratar, me vai dar o meu projecto de sonho ou que o meu dinheiro está a ser bem investido? É necessário transmitir confiança ao cliente e para isso, é essencial a diferenciação e mostrar o que valemos, a cada dia de trabalho.
Como é que encara o futuro desta profissão em Portugal? E acha que o vosso trabalho poderá mexer com as tendências no sector?
Penso que o design ganhará ainda mais força em Portugal. O aumento de profissionais e a maior divulgação da importância do design de interiores, no nosso dia a dia, fará crescer o sector. A televisão por exemplo, com os seus variadíssimos programas de design de interiores, tem sido um meio de grande difusão da nossa área.
Eu já acho que o nosso trabalho mexe com as tendências. Normalmente são as necessidades dos designers, que fazem despoletar novas soluções no sector.
Que conselhos, sugestões deixaria para os interessados e para os que estão a começar esta carreira?
Aconselhava por exemplo, a acompanhar de perto a liderança de um projecto chave na mão, antes de entrar nesta aventura dos interiores.
Perceber que design de interiores, não é só conjugar umas cores e dispor uns móveis. É garantir a perfeição aos nossos clientes, gerindo equipas, pessoas e muitas dores de cabeça!
É resolver bem os espaços, ajustados às necessidades de cada um dos nossos clientes. É perder muitas horas a pensar na melhor solução e acompanhar ao máximo, cada cliente que confiar no nosso trabalho. É dar o melhor de nós.
Se sabendo tudo isto, as borboletas na barriga persistirem, então foram feitos para serem designers de interiores.■