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Surpreendentemente o que me foi solicitado colocou-me perante várias opções. Opinar sobre o quê? Decidi então, não opinar, mas antes, convidar o leitor a refletir sobre o acto de fazer arquitetura que o mesmo é dizer ser arquiteto em Portugal, nos tempos que correm.
Regemo-nos hoje no exercício da profissão por dois instrumentos legais – CCP (Código da Contratação Pública) e pela Portaria 701 – H/2008 que substitui as antigas “Instruções MHOP” e naturalmente também por Lei e Portaria que definem em termos profissionais, quem pode fazer e está habilitado a realizar determinado tipo de projetos, pese embora algumas Ordens e Associações Profissionais ainda não tenham adequado os seus estatutos à nova legislação em vigor.
Aterno-emos aos dois primeiros documentos legais.
Quanto à Portaria 701-H/2008 de 29 de Julho, define apenas o quanto e de que qualidade e dimensão deve constituir cada fase de projeto, estabelecendo “categorias” de obra para “engenharias” e, curiosamente – vá lá saber-se porquê? não definindo “categorias” de obra para a especialidade de arquitetura.
Na realidade, somos nós arquitetos, uns verdadeiros artistas se relativamente à mesma fomos chamados a pronunciarmo-nos.
Fica-nos a pergunta? Mas para que servem as “categorias” se em concreto, não objetivam nada, a não ser, serem impresso em D.R.
As anteriores “Instruções” definiam (±) categorias e percentagens se os profissionais entendessem aplicá-las, mas defendiam de alguma forma os profissionais – em situações de suspensão e rotura contratual por parte do D.O. e muitos outros aspetos, enquanto agora se privilegia a via da litigância.
Hoje, a integração dos direitos deveres e penalizações decorrem da aplicação do CCP que esmaga os projetistas em termos de valores de honorários (um preço anormalmente baixo pode conduzir à eliminação de um concorrente, na prestação de serviços, se for igual ou inferior a 50% do valor base que a Entidade Pública Contraente está disposta a contratar) o que conduz, quase sistematicamente face à contração dos investimentos, a que na totalidade dos concursos surjam propostas de 50% do valor base e…normalmente mais 1 cêntimo o que, é no mínimo ridículo e absurdo, para não falarmos que numa grande percentagem de concursos o valor decisório para adjudicação é 100% o valor preço, transformando o fornecimento de projeto num mero processo de compra de resmas de papel, papel higiénico, sacos de batata, etc.
Desconhece-se qual o critério de cálculo do valor concursal – dado que agora somos europeus em livre concorrência – da Entidade Pública Contraente se “desapareceram” as “Instruções” e se nada é comunicado em Caderno de Encargos.
E o pronunciamento da entidade projetista sobre erros e omissões em fase concursal?
E a responsabilidade do projetista perante o D.O. por erros e omissões?
E se o projetista por não ter Curriculum suficientemente idóneo para as Companhias de Seguros ou Entidades Bancárias não obtiver Seguro de Responsabilidade Civil Profissional ou uma simples Garantia Bancária de 5% do valor dos honorários?
Verdade se diga pela experiência que temos vindo a acumular, que o CCP está razoavelmente bem feito para empreiteiros e só o não está nos tempos que correm, porque não há obra pública….nem privada, levando também ao aviltamento dos preços no que lhes diz respeito, vindo posteriormente os projetistas a sofrer-lhe as consequências porque os empreiteiros não fazem obra de “caridade” e tentam ressarcir-se à custa de erros, omissões de projeto chegando até a tentativa de extensão do tempo de empreitada(o estaleiro rende dinheiro).
Será que as corporações profissionais alguma vez refletiram sobre estes aspetos?
Não será altura de reanalisar os documentos legais que nos regulam e alterá-los de uma vez por todas?
Temos, num país que ronda os 10.000.000 habitantes (com uma enorme percentagem de emigrantes que é o que nos vale num país em decrepitude de nascimentos) cerca de 20.000 arquitetos, ou seja 1 arquiteto por 500 habitantes. Teremos de dizer que isto sim, é obra!
Já alguma vez (fora o que infelizmente vão fenecendo ou se dedicaram e porque não? digamos à agricultura) verificaram quantos não pagam as cotas à Ordem dos Arquitetos e que, por tal, estão inibidos de exercer a profissão? Investiguem, basta ir ao site da O.A.
Será que escolheram erradamente? Será que deixaram de amar a profissão pela qual se sacrificaram durante tantos anos de estudo?
E quanto à promoção da arquitetura pela O.A.?
Certo. Temos uma bolsa de valores tipo PSI 20 (ver Bolsa de Valores da CMVM) onde raramente entram uns e saiem outros, para demonstrar que a promoção é feita e, esquecia-me do “Sponsors” privados que promovem a Arquitetura “lá fora”, só que, tal promoção que nos conste, não chega a quem se submete a um juízo analítico de um qualquer júri numa “mostra singular” numa bienal, trienal, quadrienal ou qualquer outro acontecimento que promova a arquitetura.
Esquecia-me. A O.A. é importante porque só com ela e cotas pagas, se pode trabalhar…em Portugal.
Apetece perguntar que fez até agora a O.A. junto dos CREAA (Centros Regionais de Engenharia Arquitetura e Agronomia) ou mais recentemente junto do CAU (Confederação de Arquitetos e Urbanistas) no Brasil para reconhecimento dos cursos de Arquitetura? Tive oportunidade numa Missão ao Brasil (Novembro 2011) ver que na mesma, se integraram representantes da Ordem dos Engenheiros da Secção Norte e Secção Sul que resolveram os problemas, que afligiam os Engenheiros. Pergunta-se e nós (O.A.) que temos feito?
Triste sina de um arquiteto nos tempos que correm de constrangimento e negridão.
Se tiverem a sorte de ainda não estarem desempregados, arriscam-se a ver os seus honorários diminuídos. No início da carreira mais não ganham do que o equivalente (ou menos) de uma dignificada empregada doméstica paga à hora (esta ronda os 6/8 €/h) enquanto há arquitetos que nem 6,00 €/h ganham), ou até, nada recebem para poderem estar ligados à profissão.
Resta-lhes emigrar (alugar o braço lá fora) como qualquer outro emigrante, só que, no momento presente, a universalidade, transversalidade e cultura que possuem, face ao País madrasto que não lhes deu possibilidade de vida, não lhes torna atrativo o regresso – e votos fazemos que para tenham sucesso – se forem bem sucedidos e, como jovens que são aí constituírem família. Passaram os tempos da emigração para a França, Alemanha, Luxemburgo, Suíça, etc. em que uma das afirmações de sucesso no regresso às origens, era a compra de uma casinha, de um lameiro ou de uma vinha (conforme as poupanças) e, tal só se aplicou a quem nesses lugares não criou descendência.
Antes exportávamos ‘mão-de-obra’ com retorno de divisas (chamadas remessas dos emigrantes que importantes eram para o equilíbrio do nosso Orçamento de Estado) hoje, exportamos “Rolls Royces” acabadinhos de construir ou em 2ª mão, com pouco tempo de uso, fabricados em cadeias de produção de qualidade constituídas por escolas primárias, secundárias, politécnicos e universidades, constantemente monitorizadas por profissionais encartados do primário, secundário, politécnicos e das universidades (catedráticos, auxiliares ou assistentes) com retorno de divisas - nulo. (falta ainda contabilizar nos custos de produção os investimentos familiares).
Mas não entremos em pânico, que nem tudo é mau.
Como diz um recente humorista, hão-de vir “chártres” com técnicos de longa distância e com espirito de novos “descobridores” e os filhos dos “bafejados” pela sorte, e que por cá ficaram, hão-de ter a sorte de vir a comandar as “empresas e organizações” que, contra tudo e contra todos (até contra o País?) decidiram que daqui não saíam, daqui ninguém os tirava. Verdade é certa, eles tiram, mas de formas sofisticadas.
Podendo ou não amar a arquitetura de alguns profissionais arquitetos portugueses já se mostrou ao mundo (e todos os arquitetos portugueses beneficiam disso sem exceção quando em contato com outras culturas e povos) e este reconheceu-o – e de que poucos Países se podem orgulhar - de ter vivos dois prémios “PRITZKER”. O meu obrigado pelo quanto de bom e bem fizeram pela Arquitetura Portuguesa. Vocês estão por direito próprio na galeria dos eleitos e farão parte da História. Que os arautos da desgraça e a inveja, não serrem os pedetais onde se encontram por mérito próprio.
Acabei por não falar de arquitetura.
Os colegas me desculpem mas ficará eventualmente para outra altura em que o “astral” esteja bem mais alto, não só no que me diz respeito, mas para todo o cidadão deste País num espaço geográfico à beira do mar plantado e, como dizem os brasileiros para o seu País, digo eu para o meu, “Abençoado por Deus e Lindo por natureza” (apesar de tanta coisa que temos estragado).
Publicado
Surpreendentemente o que me foi solicitado colocou-me perante várias opções. Opinar sobre o quê? Decidi então, não opinar, mas antes, convidar o leitor a refletir sobre o acto de fazer arquitetura que o mesmo é dizer ser arquiteto em Portugal, nos tempos que correm.
Regemo-nos hoje no exercício da profissão por dois instrumentos legais – CCP (Código da Contratação Pública) e pela Portaria 701 – H/2008 que substitui as antigas “Instruções MHOP” e naturalmente também por Lei e Portaria que definem em termos profissionais, quem pode fazer e está habilitado a realizar determinado tipo de projetos, pese embora algumas Ordens e Associações Profissionais ainda não tenham adequado os seus estatutos à nova legislação em vigor.
Aterno-emos aos dois primeiros documentos legais.
Quanto à Portaria 701-H/2008 de 29 de Julho, define apenas o quanto e de que qualidade e dimensão deve constituir cada fase de projeto, estabelecendo “categorias” de obra para “engenharias” e, curiosamente – vá lá saber-se porquê? não definindo “categorias” de obra para a especialidade de arquitetura.
Na realidade, somos nós arquitetos, uns verdadeiros artistas se relativamente à mesma fomos chamados a pronunciarmo-nos.
Fica-nos a pergunta? Mas para que servem as “categorias” se em concreto, não objetivam nada, a não ser, serem impresso em D.R.
As anteriores “Instruções” definiam (±) categorias e percentagens se os profissionais entendessem aplicá-las, mas defendiam de alguma forma os profissionais – em situações de suspensão e rotura contratual por parte do D.O. e muitos outros aspetos, enquanto agora se privilegia a via da litigância.
Hoje, a integração dos direitos deveres e penalizações decorrem da aplicação do CCP que esmaga os projetistas em termos de valores de honorários (um preço anormalmente baixo pode conduzir à eliminação de um concorrente, na prestação de serviços, se for igual ou inferior a 50% do valor base que a Entidade Pública Contraente está disposta a contratar) o que conduz, quase sistematicamente face à contração dos investimentos, a que na totalidade dos concursos surjam propostas de 50% do valor base e…normalmente mais 1 cêntimo o que, é no mínimo ridículo e absurdo, para não falarmos que numa grande percentagem de concursos o valor decisório para adjudicação é 100% o valor preço, transformando o fornecimento de projeto num mero processo de compra de resmas de papel, papel higiénico, sacos de batata, etc.
Desconhece-se qual o critério de cálculo do valor concursal – dado que agora somos europeus em livre concorrência – da Entidade Pública Contraente se “desapareceram” as “Instruções” e se nada é comunicado em Caderno de Encargos.
E o pronunciamento da entidade projetista sobre erros e omissões em fase concursal?
E a responsabilidade do projetista perante o D.O. por erros e omissões?
E se o projetista por não ter Curriculum suficientemente idóneo para as Companhias de Seguros ou Entidades Bancárias não obtiver Seguro de Responsabilidade Civil Profissional ou uma simples Garantia Bancária de 5% do valor dos honorários?
Verdade se diga pela experiência que temos vindo a acumular, que o CCP está razoavelmente bem feito para empreiteiros e só o não está nos tempos que correm, porque não há obra pública….nem privada, levando também ao aviltamento dos preços no que lhes diz respeito, vindo posteriormente os projetistas a sofrer-lhe as consequências porque os empreiteiros não fazem obra de “caridade” e tentam ressarcir-se à custa de erros, omissões de projeto chegando até a tentativa de extensão do tempo de empreitada(o estaleiro rende dinheiro).
Será que as corporações profissionais alguma vez refletiram sobre estes aspetos?
Não será altura de reanalisar os documentos legais que nos regulam e alterá-los de uma vez por todas?
Temos, num país que ronda os 10.000.000 habitantes (com uma enorme percentagem de emigrantes que é o que nos vale num país em decrepitude de nascimentos) cerca de 20.000 arquitetos, ou seja 1 arquiteto por 500 habitantes. Teremos de dizer que isto sim, é obra!
Já alguma vez (fora o que infelizmente vão fenecendo ou se dedicaram e porque não? digamos à agricultura) verificaram quantos não pagam as cotas à Ordem dos Arquitetos e que, por tal, estão inibidos de exercer a profissão? Investiguem, basta ir ao site da O.A.
Será que escolheram erradamente? Será que deixaram de amar a profissão pela qual se sacrificaram durante tantos anos de estudo?
E quanto à promoção da arquitetura pela O.A.?
Certo. Temos uma bolsa de valores tipo PSI 20 (ver Bolsa de Valores da CMVM) onde raramente entram uns e saiem outros, para demonstrar que a promoção é feita e, esquecia-me do “Sponsors” privados que promovem a Arquitetura “lá fora”, só que, tal promoção que nos conste, não chega a quem se submete a um juízo analítico de um qualquer júri numa “mostra singular” numa bienal, trienal, quadrienal ou qualquer outro acontecimento que promova a arquitetura.
Esquecia-me. A O.A. é importante porque só com ela e cotas pagas, se pode trabalhar…em Portugal.
Apetece perguntar que fez até agora a O.A. junto dos CREAA (Centros Regionais de Engenharia Arquitetura e Agronomia) ou mais recentemente junto do CAU (Confederação de Arquitetos e Urbanistas) no Brasil para reconhecimento dos cursos de Arquitetura? Tive oportunidade numa Missão ao Brasil (Novembro 2011) ver que na mesma, se integraram representantes da Ordem dos Engenheiros da Secção Norte e Secção Sul que resolveram os problemas, que afligiam os Engenheiros. Pergunta-se e nós (O.A.) que temos feito?
Triste sina de um arquiteto nos tempos que correm de constrangimento e negridão.
Se tiverem a sorte de ainda não estarem desempregados, arriscam-se a ver os seus honorários diminuídos. No início da carreira mais não ganham do que o equivalente (ou menos) de uma dignificada empregada doméstica paga à hora (esta ronda os 6/8 €/h) enquanto há arquitetos que nem 6,00 €/h ganham), ou até, nada recebem para poderem estar ligados à profissão.
Resta-lhes emigrar (alugar o braço lá fora) como qualquer outro emigrante, só que, no momento presente, a universalidade, transversalidade e cultura que possuem, face ao País madrasto que não lhes deu possibilidade de vida, não lhes torna atrativo o regresso – e votos fazemos que para tenham sucesso – se forem bem sucedidos e, como jovens que são aí constituírem família. Passaram os tempos da emigração para a França, Alemanha, Luxemburgo, Suíça, etc. em que uma das afirmações de sucesso no regresso às origens, era a compra de uma casinha, de um lameiro ou de uma vinha (conforme as poupanças) e, tal só se aplicou a quem nesses lugares não criou descendência.
Antes exportávamos ‘mão-de-obra’ com retorno de divisas (chamadas remessas dos emigrantes que importantes eram para o equilíbrio do nosso Orçamento de Estado) hoje, exportamos “Rolls Royces” acabadinhos de construir ou em 2ª mão, com pouco tempo de uso, fabricados em cadeias de produção de qualidade constituídas por escolas primárias, secundárias, politécnicos e universidades, constantemente monitorizadas por profissionais encartados do primário, secundário, politécnicos e das universidades (catedráticos, auxiliares ou assistentes) com retorno de divisas - nulo. (falta ainda contabilizar nos custos de produção os investimentos familiares).
Mas não entremos em pânico, que nem tudo é mau.
Como diz um recente humorista, hão-de vir “chártres” com técnicos de longa distância e com espirito de novos “descobridores” e os filhos dos “bafejados” pela sorte, e que por cá ficaram, hão-de ter a sorte de vir a comandar as “empresas e organizações” que, contra tudo e contra todos (até contra o País?) decidiram que daqui não saíam, daqui ninguém os tirava. Verdade é certa, eles tiram, mas de formas sofisticadas.
Podendo ou não amar a arquitetura de alguns profissionais arquitetos portugueses já se mostrou ao mundo (e todos os arquitetos portugueses beneficiam disso sem exceção quando em contato com outras culturas e povos) e este reconheceu-o – e de que poucos Países se podem orgulhar - de ter vivos dois prémios “PRITZKER”. O meu obrigado pelo quanto de bom e bem fizeram pela Arquitetura Portuguesa. Vocês estão por direito próprio na galeria dos eleitos e farão parte da História. Que os arautos da desgraça e a inveja, não serrem os pedetais onde se encontram por mérito próprio.
Acabei por não falar de arquitetura.
Os colegas me desculpem mas ficará eventualmente para outra altura em que o “astral” esteja bem mais alto, não só no que me diz respeito, mas para todo o cidadão deste País num espaço geográfico à beira do mar plantado e, como dizem os brasileiros para o seu País, digo eu para o meu, “Abençoado por Deus e Lindo por natureza” (apesar de tanta coisa que temos estragado).
Publicado
Surpreendentemente o que me foi solicitado colocou-me perante várias opções. Opinar sobre o quê? Decidi então, não opinar, mas antes, convidar o leitor a refletir sobre o acto de fazer arquitetura que o mesmo é dizer ser arquiteto em Portugal, nos tempos que correm.
Regemo-nos hoje no exercício da profissão por dois instrumentos legais – CCP (Código da Contratação Pública) e pela Portaria 701 – H/2008 que substitui as antigas “Instruções MHOP” e naturalmente também por Lei e Portaria que definem em termos profissionais, quem pode fazer e está habilitado a realizar determinado tipo de projetos, pese embora algumas Ordens e Associações Profissionais ainda não tenham adequado os seus estatutos à nova legislação em vigor.
Aterno-emos aos dois primeiros documentos legais.
Quanto à Portaria 701-H/2008 de 29 de Julho, define apenas o quanto e de que qualidade e dimensão deve constituir cada fase de projeto, estabelecendo “categorias” de obra para “engenharias” e, curiosamente – vá lá saber-se porquê? não definindo “categorias” de obra para a especialidade de arquitetura.
Na realidade, somos nós arquitetos, uns verdadeiros artistas se relativamente à mesma fomos chamados a pronunciarmo-nos.
Fica-nos a pergunta? Mas para que servem as “categorias” se em concreto, não objetivam nada, a não ser, serem impresso em D.R.
As anteriores “Instruções” definiam (±) categorias e percentagens se os profissionais entendessem aplicá-las, mas defendiam de alguma forma os profissionais – em situações de suspensão e rotura contratual por parte do D.O. e muitos outros aspetos, enquanto agora se privilegia a via da litigância.
Hoje, a integração dos direitos deveres e penalizações decorrem da aplicação do CCP que esmaga os projetistas em termos de valores de honorários (um preço anormalmente baixo pode conduzir à eliminação de um concorrente, na prestação de serviços, se for igual ou inferior a 50% do valor base que a Entidade Pública Contraente está disposta a contratar) o que conduz, quase sistematicamente face à contração dos investimentos, a que na totalidade dos concursos surjam propostas de 50% do valor base e…normalmente mais 1 cêntimo o que, é no mínimo ridículo e absurdo, para não falarmos que numa grande percentagem de concursos o valor decisório para adjudicação é 100% o valor preço, transformando o fornecimento de projeto num mero processo de compra de resmas de papel, papel higiénico, sacos de batata, etc.
Desconhece-se qual o critério de cálculo do valor concursal – dado que agora somos europeus em livre concorrência – da Entidade Pública Contraente se “desapareceram” as “Instruções” e se nada é comunicado em Caderno de Encargos.
E o pronunciamento da entidade projetista sobre erros e omissões em fase concursal?
E a responsabilidade do projetista perante o D.O. por erros e omissões?
E se o projetista por não ter Curriculum suficientemente idóneo para as Companhias de Seguros ou Entidades Bancárias não obtiver Seguro de Responsabilidade Civil Profissional ou uma simples Garantia Bancária de 5% do valor dos honorários?
Verdade se diga pela experiência que temos vindo a acumular, que o CCP está razoavelmente bem feito para empreiteiros e só o não está nos tempos que correm, porque não há obra pública….nem privada, levando também ao aviltamento dos preços no que lhes diz respeito, vindo posteriormente os projetistas a sofrer-lhe as consequências porque os empreiteiros não fazem obra de “caridade” e tentam ressarcir-se à custa de erros, omissões de projeto chegando até a tentativa de extensão do tempo de empreitada(o estaleiro rende dinheiro).
Será que as corporações profissionais alguma vez refletiram sobre estes aspetos?
Não será altura de reanalisar os documentos legais que nos regulam e alterá-los de uma vez por todas?
Temos, num país que ronda os 10.000.000 habitantes (com uma enorme percentagem de emigrantes que é o que nos vale num país em decrepitude de nascimentos) cerca de 20.000 arquitetos, ou seja 1 arquiteto por 500 habitantes. Teremos de dizer que isto sim, é obra!
Já alguma vez (fora o que infelizmente vão fenecendo ou se dedicaram e porque não? digamos à agricultura) verificaram quantos não pagam as cotas à Ordem dos Arquitetos e que, por tal, estão inibidos de exercer a profissão? Investiguem, basta ir ao site da O.A.
Será que escolheram erradamente? Será que deixaram de amar a profissão pela qual se sacrificaram durante tantos anos de estudo?
E quanto à promoção da arquitetura pela O.A.?
Certo. Temos uma bolsa de valores tipo PSI 20 (ver Bolsa de Valores da CMVM) onde raramente entram uns e saiem outros, para demonstrar que a promoção é feita e, esquecia-me do “Sponsors” privados que promovem a Arquitetura “lá fora”, só que, tal promoção que nos conste, não chega a quem se submete a um juízo analítico de um qualquer júri numa “mostra singular” numa bienal, trienal, quadrienal ou qualquer outro acontecimento que promova a arquitetura.
Esquecia-me. A O.A. é importante porque só com ela e cotas pagas, se pode trabalhar…em Portugal.
Apetece perguntar que fez até agora a O.A. junto dos CREAA (Centros Regionais de Engenharia Arquitetura e Agronomia) ou mais recentemente junto do CAU (Confederação de Arquitetos e Urbanistas) no Brasil para reconhecimento dos cursos de Arquitetura? Tive oportunidade numa Missão ao Brasil (Novembro 2011) ver que na mesma, se integraram representantes da Ordem dos Engenheiros da Secção Norte e Secção Sul que resolveram os problemas, que afligiam os Engenheiros. Pergunta-se e nós (O.A.) que temos feito?
Triste sina de um arquiteto nos tempos que correm de constrangimento e negridão.
Se tiverem a sorte de ainda não estarem desempregados, arriscam-se a ver os seus honorários diminuídos. No início da carreira mais não ganham do que o equivalente (ou menos) de uma dignificada empregada doméstica paga à hora (esta ronda os 6/8 €/h) enquanto há arquitetos que nem 6,00 €/h ganham), ou até, nada recebem para poderem estar ligados à profissão.
Resta-lhes emigrar (alugar o braço lá fora) como qualquer outro emigrante, só que, no momento presente, a universalidade, transversalidade e cultura que possuem, face ao País madrasto que não lhes deu possibilidade de vida, não lhes torna atrativo o regresso – e votos fazemos que para tenham sucesso – se forem bem sucedidos e, como jovens que são aí constituírem família. Passaram os tempos da emigração para a França, Alemanha, Luxemburgo, Suíça, etc. em que uma das afirmações de sucesso no regresso às origens, era a compra de uma casinha, de um lameiro ou de uma vinha (conforme as poupanças) e, tal só se aplicou a quem nesses lugares não criou descendência.
Antes exportávamos ‘mão-de-obra’ com retorno de divisas (chamadas remessas dos emigrantes que importantes eram para o equilíbrio do nosso Orçamento de Estado) hoje, exportamos “Rolls Royces” acabadinhos de construir ou em 2ª mão, com pouco tempo de uso, fabricados em cadeias de produção de qualidade constituídas por escolas primárias, secundárias, politécnicos e universidades, constantemente monitorizadas por profissionais encartados do primário, secundário, politécnicos e das universidades (catedráticos, auxiliares ou assistentes) com retorno de divisas - nulo. (falta ainda contabilizar nos custos de produção os investimentos familiares).
Mas não entremos em pânico, que nem tudo é mau.
Como diz um recente humorista, hão-de vir “chártres” com técnicos de longa distância e com espirito de novos “descobridores” e os filhos dos “bafejados” pela sorte, e que por cá ficaram, hão-de ter a sorte de vir a comandar as “empresas e organizações” que, contra tudo e contra todos (até contra o País?) decidiram que daqui não saíam, daqui ninguém os tirava. Verdade é certa, eles tiram, mas de formas sofisticadas.
Podendo ou não amar a arquitetura de alguns profissionais arquitetos portugueses já se mostrou ao mundo (e todos os arquitetos portugueses beneficiam disso sem exceção quando em contato com outras culturas e povos) e este reconheceu-o – e de que poucos Países se podem orgulhar - de ter vivos dois prémios “PRITZKER”. O meu obrigado pelo quanto de bom e bem fizeram pela Arquitetura Portuguesa. Vocês estão por direito próprio na galeria dos eleitos e farão parte da História. Que os arautos da desgraça e a inveja, não serrem os pedetais onde se encontram por mérito próprio.
Acabei por não falar de arquitetura.
Os colegas me desculpem mas ficará eventualmente para outra altura em que o “astral” esteja bem mais alto, não só no que me diz respeito, mas para todo o cidadão deste País num espaço geográfico à beira do mar plantado e, como dizem os brasileiros para o seu País, digo eu para o meu, “Abençoado por Deus e Lindo por natureza” (apesar de tanta coisa que temos estragado).