Simão Botelho
Arquitecto

A Anteprojectos é mais do que uma revista do setor da construção: é promotora do desenvolvimento de uma comunidade profissional que inclui Arquitetos, Engenheiros, Fornecedores e Empreiteiros, estimulando a troca de ideias, experiências e conhecimentos.
O modelo da revista prevê o financiamento através dos setores mais lucrativos do mercado da construção (empreiteiros, o principal público da revista, e fornecedores de materiais, que aqui publicitam os seus produtos) e aposta na divulgação da Arquitetura e na promoção de eventos destinados sobretudo a projetistas.
Os anteprojetos de Arquitetura apresentados na revista representam a produção nacional de uma perspetiva comercial, transversal e inclusiva, incluindo estilos e conceitos variados. No seu conjunto, desenham um panorama geral do que se produz em Portugal, com as suas virtudes e defeitos.
Paralelamente, os eventos desenvolvidos e apoiados pela Anteprojectos geram sinergias importantes para o setor. O recente seminário “Comporta 2.0” (organizado pela Baukonzept com o apoio da Anteprojectos) é um ótimo exemplo desta abordagem. Destinado a Arquitetos, para além de prever as habituais apresentações de produtos comerciais e um almoço com todos os intervenientes, incluiu a divulgação de projetos multidisciplinares em formato conferência. Gostaria de relevar o plano de sustentabilidade ambiental da Vanguard Properties, 
onde é proposta a utilização da madeira como material de construção em larga escala com o objetivo de garantir a sustentabilidade ambiental do setor da construção. 
Os argumentos são claros: a madeira é um material com pegada de carbono negativa (a árvore absorve CO2 ao longo do seu ciclo de vida) e a sua produção em larga escala na Europa é compatível com a manutenção das florestas existentes sem implicar uma desflorestação significativa. Segundo o Prof. Manuel Collares-Pereira, para garantir a produção de madeira necessária para suprir as necessidades de nova construção em todo o mercado europeu (com crescimento anual de volume edificado de cerca de 1%) seria preciso utilizar apenas aproximadamente 50% do crescimento anual das florestas do Continente (deixando virtualmente intacta a massa arbórea existente). Cai assim o argumento que a madeira não supre a grande escala do mercado da construção sem que implique consequências devastadoras para a floresta. Mas faltam ainda em Portugal e na Europa empresas que produzam e processem a madeira a nível local e à escala necessária - esse é o desafio atual.
Os eventos que a Anteprojectos promove são veículos importantes para a divulgação de informação desta ordem, da maior relevância para os projetistas e para o setor da construção, fomentando questionamentos e avanços face às múltiplas crises que atravessamos. Os encontros cara a cara, onde todos podem intervir e partilhar experiências profissionais, ajudam grandemente ao desenvolvimento e disseminação de ideias entre os intervenientes do setor.
Neste 30º Aniversário da Revista Anteprojectos, celebramos a sua contribuição para o desenvolvimento e coesão do setor da construção, desejando que continue por longos anos!